Enem terá orientação vocacional para participantes, diz Inep

Governo também pretende adotar medidas para reduzir custos do exame

O governo prepara uma série de mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já para este ano, muitas delas visando reduzir os custos da prova, como a diminuição do volume de papel utilizado e a adoção de um novo método de coleta de impressões digitais dos candidatos. Em outra frente, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo exame, quer criar uma espécie de “orientação vocacional” aos participantes.

A ideia é ofertar, por meio de aplicativo gratuito com acesso a partir da inscrição no Enem, informações sobre carreiras e aptidões exigidas. O aconselhamento vocacional se estenderia ao longo de cerca de oito meses ou mais, que é o tempo médio entre a inscrição do candidato à escolha do curso pretendido. A intenção é diminuir o índice de 54,6% de universitários que trocam de curso ou simplesmente abandonam a faculdade em cinco anos, conforme dados apresentados em 2018 pelo Inep.

O formato do serviço está sendo elaborado pelo Inep. O presidente da autarquia, Marcus Vinicius Rodrigues, estuda disponibilizar pelo aplicativo esclarecimentos de profissionais experientes, recém-formados e também de professores de diversos cursos universitários, na tentativa de orientar melhor a escolha do candidato. Segundo ele, a iniciativa não implicará em custos elevados, que estão ainda em apuração.

— Às vezes o aluno quer engenharia, mas não sabe muito bem que há uma parte pesada de cálculos e, depois, acaba desistindo. Se conseguirmos baixar de 46% (índice de troca de cursos e desistências) para 30%, já será uma vitória. O errado é não fazer nada— disse Rodrigues ao jornal ‘O Globo’.

Eliminação de folhas

Redução de custos é uma marca que o presidente do Inep, que atuava como consultor de empresas, quer imprimir no Enem ainda em 2019. Com essa ideia, vai colocar os candidatos para usar a contracapa do caderno de provas como espaço para rascunho da redação. Hoje, há uma folha pautada para esse fim.

Outra medida é retirar as quatro folhas por participante usadas para rascunho de cálculos matemáticos. Uma nova diagramação foi feita para deixar espaço suficiente na própria prova para o rascunho. Cada folha hoje disponibilizada, segundo a equipe de Rodrigues, custa em média R$ 0,97. Essa iniciativa, no entanto, ainda depende de aprovação da área pedagógica.

— São ideias simples, que podem soar até como bobas inclusive, mas que vão significar redução de custos sem tirar absolutamente nada do Enem. São cerca de R$ 4 (considerando o custo médio das quatro folhas) por 5,5 milhões (número de alunos inscritos na última edição)— afirmou o presidente do Inep.

Outra mudança em análise é substituir o modelo atual de coleta de impressão digital, que custa cerca de R$ 1,50 por aluno, de acordo com o presidente do Inep, por outro mais barato que preserve a segurança da prova. Uma tecnologia estrangeira, que utiliza uma esponja sem necessidade de tinta, será testada. Por esse método, caso adotado, o gasto será de R$ 12 para aplicação a 3,5 mil estudantes, prevê Rodrigues.

Rodrigues não deu estimativas da redução de custos que almeja no Enem 2019. A última edição custou cerca de R$ 600 milhões, segundo a nova equipe, incluindo o gasto com o consórcio que aplica a prova e despesas feitas por conta própria pelo Inep. Uma delas é com capacitação de aplicadores do teste. Neste ano, boa parte desse treinamento será executado a distância, diz o presidente, como forma de economizar.

Fonte: Renata Mariz, da Agência O Globo