Ministro da Educação se desculpa por chamar brasileiro de ‘canibal’ em viagens

Brasília – O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, desculpou-se ontem pelo Twitter por uma declaração dada em entrevista: “Amo o Brasil e o nosso povo, de forma incondicional, desde a minha chegada aqui, em 1979 e, especialmente, desde a minha naturalização como brasileiro, em 1997. A entrevista à revista Veja colocou palavras minhas fora de contexto.

Peço desculpas a quem tiver se sentido ofendido”, afirmou. Na entrevista, Vélez disse que “o brasileiro viajando é um canibal, rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião. Ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola”, disse o ministro. A declaração causou polêmica.

Por causa da entrevista, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber deu 10 dias de prazo, a partir da última quinta-feira, para que Vélez explique sua declaração, mas a manifestação dele é facultativa. A solicitação foi motivada por uma interpelação judicial criminal protocolada na Corte pelo advogado Marcos Aldenir Ferreira Rivas. No entendimento do advogado, o ministro cometeu o crime de calúnia.

Por meio da assessoria de imprensa do Ministério da Educação (MEC), disse, também na semana passada, que ainda não havia sido notificado, mas que, assim que fosse, responderia. “Ante o exposto, determino a notificação do ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez, para que responda, querendo, à presente interpelação no prazo de 10 (dez) dias”, decidiu a ministra.Continua depois da publicidade

Na decisão, a ministra explicou que, após a manifestação do ministro, o pedido de explicações será devolvido ao advogado, que poderá ou não oferecer queixa-crime posteriormente. “Enfatizo que o ato judicial que analisa a interpelação criminal não emite juízo de valor sobre o conteúdo debatido, uma vez que representa típica providência de contenção cognitiva”, afirmou.

Declarações e propostas do ministro da Educação têm causado polêmica e reações no Congresso. Alguns parlamentares defendem que o ministro vá ao Congresso para dar explicações. Entre outros assuntos, Rodríguez disse que a universidade não é para todos e defendeu incluir a disciplina educação moral e cívica no currículo do ensino fundamental – para os estudantes aprenderem o que é ser brasileiro e quais são “os nossos heróis”.

Vélez Rodríguez disse que a volta da disciplina educação moral e cívica nas escolas é uma forma de ensinar ao adolescente que viaja “que há contextos sociais diferentes e que as leis de outros países devem ser respeitadas”.

Fonte: EM